A pré-eclâmpsia é uma complicação potencialmente grave da gestação, caracterizada por hipertensão arterial e sinais de disfunção de órgãos, como rins, fígado ou sistema nervoso central, geralmente após 20 semanas de gestação. Atinge cerca de 10 a 15% das gestações. Essa condição pode comprometer tanto a saúde da gestante quanto o desenvolvimento fetal, estando associada a desfechos como restrição de crescimento intrauterino e parto prematuro. A identificação precoce do risco de desenvolver pré-eclâmpsia é fundamental para o acompanhamento e a intervenção preventiva adequada. Sabe-se hoje que uma causa disso é a má placentação, ou alteração da implantação da placenta no útero materno. Isso tem como consequência uma sequência de eventos que levam à Pré-Eclâmpsia. O Doppler de Artérias Uterinas pode ajudar a identificar precocemente essa situação.
Atualmente, o rastreio de pré-eclâmpsia de forma mais eficaz no Primeiro Trimestre sendo realizado com base em um modelo multifatorial que inclui a pressão arterial materna, dopplervelocimetria das artérias uterinas, fatores clínicos e pode serem incluidos exames bioquímicos. Quando o risco é considerado elevado, a introdução precoce de Aspirina em baixa dose (geralmente 150 mg à noite, iniciada antes de 16 semanas e mantida até 36 semanas) tem se mostrado eficaz em reduzir significativamente a incidência de pré-eclâmpsia precoce e suas complicações. Essa estratégia, segura e acessível, representa um dos principais avanços na prevenção de complicações graves na gestação.
Apesar desse período ideal, o Rastreio de Pré-Eclâmpsia é complementado a cada trimestre. Hoje se pode fazer o Doppler de Artérias Uterinas novamente no II Trimestre (22 a 24 semanas) e no terceiro trimestre (30 a 34 semanas). Nessas oportunidades, frequentemente já vai ser possível não a prevenção, mas o diagnóstico e avaliação de outros sinais ultrassonográficos relacionados com a placenta disfuncional.
O rastreio de pré-eclâmpsia no primeiro trimestre é uma estratégia eficaz para identificar gestantes com maior risco de desenvolver a forma precoce da doença. Esse rastreio é baseado em um modelo multifatorial que combina dados da história materna (como idade, IMC, etnia, presença de doenças crônicas ou histórico de pré-eclâmpsia), com a pressão arterial média (PAM) aferida com técnica padronizada e a avaliação por Doppler das artérias uterinas, que analisa a resistência ao fluxo sanguíneo uteroplacentário.
Esses parâmetros são integrados em um algoritmo de Estimativa de Risco, desenvolvido pela Fetal Medicine Foundation (FMF), que estima a probabilidade de a gestante desenvolver pré-eclâmpsia precoce (antes de 34 semanas). Quando o risco calculado é superior a um ponto de corte definido (geralmente 1:100), a paciente é considerada de alto risco e pode se beneficiar do uso profilático de Aspirina em baixa dose (150 mg/dia à noite). Esse modelo apresenta sensibilidade superior a 75% para detecção de pré-eclâmpsia precoce, com baixa taxa de falso-positivos, sendo uma ferramenta poderosa para a medicina preventiva na gestação.
Nesse site, você encontra também um Escore de Risco para Pré-Eclâmpsia, publicado recentemente por nós, que simplifica esse método tradicional de avaliação do risco.