O ambiente intrauterino compreende basicamente um balão que contém ou envolve o líquido amniótico, onde fica boiando o bebê. Temos ainda a placenta, que se prende firmemente a uma região do útero. O cordão umbilical liga a placenta ao feto.
A placenta pode ser comparada a uma grande esponja repleta de sangue, que é fixa a uma região do útero. A porção anterior, posterior, lateral direita ou esquerda, fúndica ou a região do colo uterino, mais inferior e próxima à vagina. Nessa última situação, que chamamos de placenta baixa, temos risco de haver sangramentos na gestação e pode impossibilitar o parto normal. A placenta é responsável pelas principais funções que mantém a vida do bebê e proporcionam seu desenvolvimento, agindo como intermediário entre a mãe e o feto. Assim ela purifica o sangue que vem do feto através do cordão umbilical e o devolve purificado, exercendo funções de nutrição, respiração, produção de hormônios e proteção imunológica do feto.
O cordão umbilical funciona como um fio de ligação entre a mãe e o feto, se originando na placenta e alcançando o umbigo do feto, estando assim boiando no líquido amniótico. Tem uma fina membrana que o delimita e contém uma espécie de geléia, que exerce a função importante de amortecimento e proteção dos vasos sanguíneos que ligam o feto à placenta. São normalmente 3 vasos, uma veia e duas artérias. As artérias levam sangue do feto à placenta e a veia conduz o sangue purificado da placenta ao feto.
O líquido amniótico é o líquido que ocupa a bolsa, que chamamos de cavidade amniótica. Tem a função básica de amortecimento dos movimentos maternos que movem o útero. Também possibilita os movimentos fetais proporcionando o crescimento natural do bebê. Além disso têm papel importante mesmo do desenvolvimento dos órgãos internos do feto, especialmente do pulmão.
Podemos identificar uma circulação do líquido amniótico no útero, que forma um ciclo natural. O líquido é deglutido pelo feto, alcança o estômago e o intestino, onde é absorvido e entra na circulação sanguínea. O sangue é depurado nos rins fetais, é produzida a urina, que vai compor cerca de 90% do líquido amniótico após as 17 semanas de gestação. Diversas situações patológicas podem surgir caso essa circulação for interrompida em qualquer ponto.
Não, seu espaço é amplo. O meio líquido descrito acima proporciona amplos movimentos do bebê durante toda a gestação. Um momento importante que reforça essa mobilidade do bebê é o reposicionamento do bebê próximo ao final da gestação, comumente após as 28-30 semanas, mas que pode acontecer até as mais além. Nesse momento o feto fica em sua posição mais definitiva no útero, mais frequentemente com a cabeça para baixo, próximo à pelve materna, naturalmente posicionando-se para o parto.
Sim, o útero da mulher não grávida se localiza posteriormente à bexiga na pelve. O crescimento natural do útero decorrente da gestação acontece a partir da pelve para cima, em direção ao umbigo e posteriormente em direção às costelas. Dessa forma, por exemplo, com 3 meses o útero está pouco acima da sínfise púbica e só com 5 meses alcança o umbigo materno, localizando-se portanto mais da metade da gravidez muito baixo no abdômen.
Com a ultrassonografia, que proporciona acompanhar todo desenvolvimento fetal, podemos identificar movimentos fetais já com 8 semanas, quando começam a ser identificados os membros. Com 3 meses, ocasião que fazemos o a ultrassonografia morfológica de I Trimestre, já identificamos com facilidade amplos movimentos fetais.
Entretanto a mãe vai perceber os movimentos fetais somente com 5 meses (cerca de 20 semanas), excepcionalmente antes, com 16-18 semanas, em casos especiais em que a mamãe já teve uma gestação anterior. Isso se explica pela própria pequena força dos membros fetais decorrentes do tamanho do bebê (com 20 semanas tem cerca de 20 cm e pesa cerca de 350 gramas). Soma-se a isso o fato do bebê estar num meio líquido, o que reduz a intensidade dos movimentos. Por outro lado, a percepção externa dos movimentos, fetais seja visualmente ou através da percepção tátil, em média acontece um mês mais tarde, acima de 23 semanas.
Quase tudo que um bebê normal faz. Dorme a maior parte do tempo, mas quando acordado boceja, brinca com tudo que está a seu alcance (seu corpo e o cordão umbilical basicamente).
Por estar mergulhado no líquido, o bebê digamos respira ou aspira o líquido também, que ocupa a árvore respiratória, desde a orofaringe, traquéia até os pulmões. O líquido é essencial para a expansão e desenvolvimento do aparelho respiratório. Entretanto a oxigenação do sangue não é feita nos pulmões como fora do útero e sim pela placenta.
A alimentação vem diretamente pelo cordão umbilical, assim pouco colabora na nutrição e hidratação o líquido amniótico que o bebê deglute, mas é importante para o adequado desenvolvimento funcional do aparelho digestório.
O crescimento do bebê é progressivo e constante, com intensa reprodução celular e diferenciação dos tecidos. Basicamente podemos dividir em duas fases esse desenvolvimento. A fase embrionária, onde a forma não é bem definida. Essa fase inicia com as primeiras células e se extende até a décima semana. Daí para frente chamamos o concepto de feto e a forma humana pode ser bem definida, com cabeça, corpo e membros, crescendo praticamente proporcionalmente, em situações normais.
Temos que nos dar conta que a fase de desenvolvimento intrauterina se continua com a primeira infância do bebê, sendo as duas fases caracterizadas por intenso desenvolvimento do sistema nervoso central, que se traduz por aumento progressivo da coordenação motora e autonomia do indivíduo. Assim podemos apenas dividir por fases, caracterizadas por acontecimentos fundamentais para o desenvolvimento do bebê, mas o completo desenvolvimento de cada órgão, como o pulmão, rins, transito intestinal, vai acontecendo continuamente, se aperfeiçoando após o nascimento. Dessa forma existem períodos que são cruciais para o funcionamento final do órgão e sua interrupção por alguma situação patológica pode impossibilitar o correto funcionamento daquele órgão no futuro. Um exemplo disso é o pulmão fetal, que se não se desenvolver satisfatoriamente em cada fase, pode levar ao que chamamos de hipoplasia pulmonar, que pode chegar a impossibilitar a vida extra-uterina.
Xixi sim, cocô não, em situações normais. A urina é produzida muito precocemente, já com 11- 12 semanas de evolução da gestação. Como comentado quando abordamos o líquido amniótico, a urina do bebê representa mais de 90% do líquido amniótico.
O mecônio, como chamamos as fezes do feto, evidentemente não contém germes, como de resto todo o meio em que o bebê se desenvolve. Tem uma coloração esverdeada e sua presença no intestino é mais evidente no terceiro trimestre de gestação. Em algumas situações situações, muitas patológicas, é eliminado do intestino e colore o líquido amniótico de verde.
Sim, muito precocemente identificamos expressões do feto na ultrassonografia como "beicinho", bocejo, sorrisos e outras expressões faciais, com o auxílio também do chamado 4D, recurso que une o exame em 3D (tridimencional) ao movimento em tempo real.