O líquido amniótico é o fluido que envolve o feto dentro do saco amniótico, proporcionando um ambiente seguro e estável para o desenvolvimento. Ele é composto por água inicialmente, mas, ao longo da gestação, contém proteínas, hormônios, eletrólitos e outras substâncias importantes, além de urina fetal, que se torna sua principal fonte a partir do segundo trimestre.
Esse líquido desempenha diversas funções essenciais, como permitir o crescimento fetal adequado, proteger o bebê contra traumas externos, evitar a compressão do cordão umbilical e promover o desenvolvimento pulmonar ao permitir que o feto inspire e expire o líquido. Ele também ajuda a manter uma temperatura estável dentro do útero.
A quantidade de líquido amniótico varia ao longo da gestação. No segundo trimestre, cerca de 250 a 800 ml são considerados normais, atingindo o pico em torno de 34 semanas, com volumes entre 800 e 1.000 ml. Após esse período, a quantidade pode diminuir gradualmente. O monitoramento é feito por ultrassonografia, medindo o Índice de Líquido Amniótico (ILA) ou o maior bolsão vertical de líquido, sendo valores do ILA entre 5 e 25 cm considerados normais, apesar de valores entre 8 e 18 cm abrangerem a maioria absoluta dos casos normais, podendo-se considerar valores entre 5 e 8 como moderadamente diminuídos e entre 18 e 25 moderadamente aumentados. A manutenção de valores adequados de líquido amnióticos na gestação pode ser crucial para o bem-estar do bebê e o sucesso da gestação.
O polidrâmnio é definido como um excesso de líquido amniótico, com ILA maior que 25 cm ou maior bolsão com líquido superior a 8 cm. As causas principais incluem diabetes gestacional, malformações fetais (como atresia esofágica) e infecções congênitas. O especialista em Medicina Fetal tem conhecimento para diferenciar os casos, aprimorando a investigação diagnóstica e recomendar a melhor terapêutica, quando indicada.
Os principais riscos incluem parto prematuro, desconforto respiratório materno e prolapso do cordão umbilical durante o parto. Em casos severos, o excesso de líquido pode causar dificuldade no posicionamento fetal, como apresentações anômalas.
O tratamento depende da gravidade. Em casos leves, o acompanhamento frequente é suficiente. Nos casos graves, procedimentos como drenagem do líquido amniótico ou medicamentos para reduzir sua produção podem ser indicados.
O oligoidrâmnio é caracterizado por uma quantidade de líquido amniótico insuficiente, definida, via de regra, por um índice de líquido amniótico (ILA) menor que 5 cm ou pelo maior bolsão com líquido menor que 2 cm, apesar de, em certos casos, o profissional possa detectar anormalias fetais ou suspeitar de anormalidade na quantidade do LA mesmo antes que alcance níveis mais baixos, o que justifica uma atenção especial, especializada em quase todas reduções de líquido. As causas incluem ruptura prematura de membranas (ruptura da bolsa amniótica), insuficiência placentária (que provoca secundariamente diminuição da diurese fetal) e malformações renais fetais, onde a maioria é detectável pelo ultrassonografista ou médico fetal treinados.
O líquido amniótico é essencial para o desenvolvimento pulmonar e proteção do feto. Níveis muito baixos podem causar compressão fetal, dificuldades no crescimento e complicações no parto, como sofrimento fetal.
O manejo varia conforme a gravidade e a causa. Em casos leves, hidratação materna e repouso podem ajudar. Já em casos severos, pode ser necessário amnioinfusão durante o parto ou antecipação do nascimento. A caracterização da gravidade do caso é avaliada pelo próprio Obstetra (em casos de patologias obstétricas como ruptura da bolsa), pelo Ultrassonografista (a maioria) ou somente pelo Médico Fetal (geralmente em casos mais complexos, que necessitam de acompanhamento especializado).